29 de março de 2010

Já não passo de uma sombra. Aprendi a viver com tudo o que me completa e desfaz. Tudo o que sempre quis, tudo o que sempre me incomodou é agora angústia vã. Escrevi uma carta para tentar fugir deste meu desassossego.

“Escrevo-te, não para te esquecer, mas para abrandar o descontentamento, desagrado e desgosto que trago em mim. As velas que acendo habitualmente, tremem, oscilam, vacilam, a sua chama pálida e ténue já não existe. Desde que foste embora que a tua fraca alma vaguei-a por aqui. Peço-te que vás embora. Não te esquecerei, nunca. Mas já não consigo viver assim, ora sem ti, ora contigo bem débil a deambular no meio das molduras da sala, no centro dos candeeiros a depauperar a luz ainda visível. Vai.(…) Levo-te comigo no coração, e por favor, deixa-me, deixa a vida que perdes-te.”


Fechei a carta e escrevi no destinatário, “PARA: Um lugar chamado Sempre