24 de abril de 2010


As duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última.

Lembro-me como se a tivesse escrito hoje  a primeira começou assim:

"Não é tarde nem é cedo para te dizer o quanto gosto de ti, o quanto de amo. Escrevo por não saber traduzir isto numa conversa. Sinto borboletas na barriga, uma chama que me devora quando estás a meu lado. Tenho a certeza que me irás pegar, levantar no ar e beijar assim que leres tudo isto…”

Tudo acabou, tudo morreu e o que eu mais queria era que tudo tivesse morrido definitivamente. Até as memórias boas queria que tivessem morrido como tu, contigo!

Agora, de forma atroz te escrevo pela última vez, prometo.

Pela última vez, amo-te. Não vou voltar a sentir as cicatrizes que me unem a ti, nem sequer vou voltar a enviar-te cartas, porque tu nunca as recebes, nunca! Agora sim sinto raiva, entrego-me a uma ira constante, por tua culpa. E acredita que agora a culpa é toda tua. Foste tu que me abandonas-te, foste tu que me trocas-te pela morte. Odeio-te por isso. Mesmo que pudesses voltar eu não queria. Não quero! A partir de hoje, a partir deste instante não voltarei a pensar mais em ti. Sempre me obrigas-te a afundar num mundo que não conhecia que tinha medo, depois foste embora. Idiota, sim é isso que acho que és. Idiota! Eras o meu mundo, eras tudo. Sim, tu foste o que realmente sempre desejei. Lembras-te quando me penteaste o cabelo e prendes-te o laço rosa, rapidamente disseste “Agora sim, vamos voar, vamos conhecer o céu porque tu és uma borboleta.” De seguida ligas-te a música e passamos a noite a dançar. Ainda sinto os teus dedos cravados no meu ombro, o calor entre nós. É isto que me aflige, pedir-te que voltes é inútil. Fim. Eu amo-te, eu ainda te amo.”

*Agradecimento muito especial á Sofia. Sê feliz. Isso basta.