26 de janeiro de 2011




 



- Para onde vais?
- Longe, muito longe.
- Isso é onde?
- Longe!
- Voltas?
- Não.
- Isso quer dizer que vais de vez, para sempre?
- Sim, para sempre.

Eu não sei o que é, mas dói. Sinto o sangue crepitar de tanta raiva contida em mim e a aflição é tanta que chego mesmo a sentir a traqueia em soluços descompassados. Oh, como eu gostava que me pudesses sossegar como fazias dantes. Dizias-me sempre num tom meio doce “Sabes bem que estou aqui para te ver voar de novo!”. Sempre proibis-te a palavra ‘nós’, numa tentativa de não te ter completamente, não sei, o que é certo é que tu foste meu desde o inicio, desde o primeiro dia que me tocas-te daquela maneira. Agora, só queria que ficasses comigo durante 20 minutos, isso chegava. Podias proceder ao ritual de despedida, como fizeste da outra vez – dizias-me adeus; deixavas que eu chorasse; dizias que ias voltar; abraçavas-me; eu começava a ficar menos triste, quase contente; dizias “é mentira, sabes que é para sempre”; arrastavas-me até ao sofá e colocavas a minha cabeça no teu colo; fazias-me festinhas no cabelo devagarinho; depois adormecia de tanto chorar e tu ias embora. 

E foi assim da 1ª vez que partis-te...

                                                                                      *Afinal a nossa história tem um 'para sempre'. 
                                                                                                                   ... para sempre longe de ti.
                                                                                                                                                    FIM