6 de agosto de 2011








Tocaste-me devagar, mas toda essa subtileza desapareceu quando me cravas-te as unhas no ombro. Avanças-te sobre a mesa em passos rápidos e ávidos, olhas-te para mim com uma expressão não sei se de desejo ou aflição. Voltas-te para perto de mim, devagar…
- Fecha os olhos. – Disseste com uma vozinha meio sussurrada, meio trémula.
Eu, de olhos fechados, tremia. Tinha medo. Eu confiava em ti, mas… Foi então que me abraças-te, beijaste-me o pescoço e disseste que jamais te esquecerias de mim, de nós. Senti uma lâmina fria nas minhas costas. Senti pequenos cortes. A minha respiração alterou-se, o meu coração batia descompassado e receoso. Olhas-te nos meus olhos, bem fundo quase que a quer roubar a minha alma, e de maneira delicada acalmaste-me:
- Não te preocupes.

Esfaqueaste-me serenamente, golpe por golpe, cada um progressivamente mais fundo, mais atroz. No fim, rasgas-te o meu peito com a tua lâmina vil, elevaste o meu coração que ainda batia docemente por ti. Eu nunca gritei, não chorei, afinal eu confiava em ti. E confio. Até ao fim.

P.S.- Morrer nas tuas mãos foi maravilhosamente cruel S.