4 de julho de 2009

Lembro-me que nas tardes quentes de Agosto abria muitas vezes os livros da minha mãe e começava a lê-los no meio, outras vezes lia só até metade. Acho que as historias devem ficar incompletas, haverá alguma coisa com principio e fim? Um dia abri um livro e li apenas uma frase “Prometera a mim mesmo que, se isso acontecesse um dia, nunca faria qualquer pergunta; apenas a beijaria, diria ‘dorme bem, meu amor’, e acordaríamos juntos no dia seguinte, de mãos dadas, como se aquele pesadelo nunca tivesse acontecido”. Que história terá para contar? Deixo a imaginação esvoaçar. Será que ele não faria qualquer pergunta? Desde pequena que a curiosidade é minha companheira, as perguntas eram fáceis de surgir. Minha avó disse-me um dia “Quando pensamos saber todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.” Desde então questiono-me casualmente. Já falei com o vento, perguntei-lhe porque nunca ninguém o viu. Sim porque ele passa, acaricia, faz voar o cabelo, as folhas, mas nunca ninguém o viu. Como será? Ele suspirou baixinho e segredou-me “Há coisas que passam por nós e nem as sentimos, outras passam e não as vimos. Eu venho, lisonjeio quem encontro, abraço momentos, anuncio a minha chegada da forma mais delicada, e parto de mansinho para ninguém me ver. Assim é a liberdade de ser vento.”