11 de julho de 2009

A noite começou assim, as palavras foram surgindo e as memorias também. Hugo eu adoro-te e isso basta-me. Gostava de conseguir escrever imensas palavras bonitas, mas na verdade não sou capaz. As virtudes abandonaram-me, restam-me os sentimentos. Passamos dias inteiros a falar, conhecemo-nos á muito tempo e cada palavra, cada sms, cada conversa vale o mundo. Continuo iludida, continuo a acreditar que meras palavras conseguem transmitir aquilo que sinto. Na verdade não te consigo dizer tudo aquilo que quero. A vida é tão curta e as palavras tão escassas que os sentimentos escapam-se por entre os dedos das mãos. Foi no meio de mais uma conversa que decidimos ver o nascer do sol. A noite permanecia escura.

Sentei-me á janela e esperei que o tempo passa-se, olhava e perguntava-me a que horas os candeeiros da rua se iriam apagar. Na verdade os primeiros raios de sol começavam a mostrar-se, o céu ia mudando de cor. No horizonte o azul escuro mudava calmamente para um alaranjado emergindo roxo pálido. As metamorfoses eram cada vez mais fugazes. Continuava a falar contigo por mensagens e cada palavra me surpreendia, as horas iam passando e as luzes teimavam em ficar acesas.

O dia amanhecia lentamente, a luz entrou pelo meu quarto dentro, o sol veio e desejou-me ‘bom dia’. Os passarinhos cantavam á beira da minha janela entreaberta. Desconhecia estes pequenos milagres numa cidade, o sol a comemorar o romper do dia, a melodia deliciosamente encantadora, a brisa de Verão. Afinal numa selva de betão ainda há uma réstia de magia.

Renasci, agora sinto-me viva. Sinto que existo! O dia amanheceu dentro de mim. Espreguicei-me e deixei a vida entrar pela janela. “Aquele dia amanheceu como outros tantos...Era um dia puro, luminoso, chamando à vida. Mas tinha havido tantas manhãs assim e o presságio da Natureza em festa tantas vezes tinha mentido!...E contudo, aquela manhã foi a manhã verdadeira, e o Sol não brilhou em vão, o mar não foi inutilmente belo, porque foi, amor, a manhã em que nascemos um para o outro!” Hoje é um dia diferente, é um dia bom.

Começou por ser noite, transformou-se em pedaços de céu e estrelas. A madrugada soava a musica, o amanhecer preenchia-me, oferecia-me asas, voei. A historia acaba em dia, em felicidade constante. Obrigado pelo sorriso, Hugo. (L'
dantes eu pensava assim:
"Da próxima vez que acordar às 5.37h da manhã, com os tacões da minha vizinha de cima a subir as escadas, irei saber com certeza que a minha manhã será tudo menos pacífica. Vou ter de me benzer três vezes antes de pensar sequer pôr os pés na rua. Mas repito: acordar, sem pré-aviso, às 5.37h da manhã de uma quarta-feira, com o riso estridente de uma vizinha histérica é traumatizante. "
Agora dou valor á lenda da 'Aurora Boreal':
"diz a lenda que quem um dia a vir, será feliz para sempre.
ora, eu tenho a ligeira impressão de que a vou vendo quase todos os dias..."