2 de julho de 2009

Sapatos há muitos
Há ocasiões que nos ficam para sempre, simples instantes que de uma maneira ou de outra acabam por marcar! Lembras-te do dia que nos conhecemos? Que levava eu calçado? Sinceramente mal me lembro. Óh é pena não ter calçado os melhores sapatos para congratular tua chegada. Não sei de que cor eram e muito menos onde os comprei. Fizeste-me sinal para me sentar na tua mesa e disseste com um sorriso disfarçado “-Pago-te o café e contas-me a tua vida.” que haveria eu de pensar? Provavelmente tinha a mesmas all star no pés e o habitual sorriso de amora. E assim foi, comecei por era uma vez e terminei já nem eu me recordo bem. Esqueci-me do teu nome ou então nunca mo chegas-te a dizer. Sim sei bem o quão fomos especiais, mas e agora? Nem uma carta te posso escrever, um simples bilhete. Foi a nossa morte. Digo-te secretamente, se é que algum dia irás ler este simples conjunto de palavras. Todos os anos dia dois de Julho bebo café na mesma mesa e escrevo num pedaço de folha “pago-te o café se me disseres o teu nome.”

Admiro como num instante temos tudo, e no outro limitamo-nos a incertezas como ‘que sapatos levava eu calçados?’. A nudez do conhecimento e as algibeiras rotas de preconceitos levam-me a uma indiscrição nata. Caminhos compridos, curtos, estreitos ou largos. Momentos bons, freneticamente felizes ou incertos. Não voltarei a deixar momentos vazios na companhia de alguem. "Como te chamas, óh desconhecido?". Umas vezes temos sapatos, outras meias, ou andamos com os pés nus.