Hoje não falo de paixão, por incrível que possa parecer. Não critico as promessas, nem as juras de amor.
Á noite quando falta o sono e me levanto levemente para ir comer chocolate, alguém se levanta também. Todas as noites antes de adormecer, vejo os seus olhos verdes brilharem l
á ao fundo do corredor. Seja Inverno, Primavera, Verão ou Outono ele está comigo. Esteja frio ou calor, ele vem comigo. Sempre e nunca falhou, nunca. Já passamos por muito: as tardes de inverno a dormir no quarto dos pais, os dias de Agosto a brincar na tenda de campismo, as horas mortas ao fim da noite a ver televisão. Foi tanta coisa que custa lembrar de tudo! Recordo-me quando ficas-te doente, fiquei triste. Como poderia não ficar? Não és o meu melhor amigo, muito menos a minha paixão, és o melhor de cada dia. Durante esse mês em que estives-te mal, os teus olhos nunca mais voltaram a fitar-me no adro daquele corredor. Não podia fazer nada por ti. Passei horas sentada á tua cabeceira na esperança que ficasses melhor, mas não. Uma noite fomos dormir para a varanda porque a mãe não te queria dentro de casa. Passamos tanto frio, lembras-te? Eu nunca me esqueço! Quando melhoras-te dei graças a Deus e a felicidade voltou, a nossa felicidade! Ás vezes quando chegava triste a casa tu vinhas com todo o teu carinho fazer-me festinhas. Amar-te já não amo, sou dependente de ti. Talvez em 2004 ou por essa altura, estava numa esplanada com meus pais e passa uma amiga deles que diz: “Querem um gato?”. A mãe disse de imediato que não, mas como eu insisti o pai ponderou. Fomos buscar-te á noitinha. Eu estava com as calças de ganga do costume, e a minha t-shirt preferida. Fiquei feliz por te ter. Nos meus anos pedi uma alcofa para ti, na verdade tu eras o meu único interesse. O tempo foi passando e agora és mais que um cúmplice.
Á noite quando falta o sono e me levanto levemente para ir comer chocolate, alguém se levanta também. Todas as noites antes de adormecer, vejo os seus olhos verdes brilharem l