25 de setembro de 2009

Hoje não falo de paixão, por incrível que possa parecer. Não critico as promessas, nem as juras de amor.

Á noite quando falta o sono e me levanto levemente para ir comer chocolate, alguém se levanta também. Todas as noites antes de adormecer, vejo os seus olhos verdes brilharem lá ao fundo do corredor. Seja Inverno, Primavera, Verão ou Outono ele está comigo. Esteja frio ou calor, ele vem comigo. Sempre e nunca falhou, nunca. Já passamos por muito: as tardes de inverno a dormir no quarto dos pais, os dias de Agosto a brincar na tenda de campismo, as horas mortas ao fim da noite a ver televisão. Foi tanta coisa que custa lembrar de tudo! Recordo-me quando ficas-te doente, fiquei triste. Como poderia não ficar? Não és o meu melhor amigo, muito menos a minha paixão, és o melhor de cada dia. Durante esse mês em que estives-te mal, os teus olhos nunca mais voltaram a fitar-me no adro daquele corredor. Não podia fazer nada por ti. Passei horas sentada á tua cabeceira na esperança que ficasses melhor, mas não. Uma noite fomos dormir para a varanda porque a mãe não te queria dentro de casa. Passamos tanto frio, lembras-te? Eu nunca me esqueço! Quando melhoras-te dei graças a Deus e a felicidade voltou, a nossa felicidade! Ás vezes quando chegava triste a casa tu vinhas com todo o teu carinho fazer-me festinhas. Amar-te já não amo, sou dependente de ti. Talvez em 2004 ou por essa altura, estava numa esplanada com meus pais e passa uma amiga deles que diz: “Querem um gato?”. A mãe disse de imediato que não, mas como eu insisti o pai ponderou. Fomos buscar-te á noitinha. Eu estava com as calças de ganga do costume, e a minha t-shirt preferida. Fiquei feliz por te ter. Nos meus anos pedi uma alcofa para ti, na verdade tu eras o meu único interesse. O tempo foi passando e agora és mais que um cúmplice.