4 de dezembro de 2009

Estou deitada, sinto o mundo girar no sentido dos ponteiros do relógio. Os ombros acabam por pender para a esquerda e as pernas acompanham o movimento para o direita. Sinto frio, muito frio, e as correntes atadas ás calças pretas tocam-me a anca, barriga com uma repulsa gélida que me incomoda. O estomago doi-me, perece ter uma criança, uma criatura cá dentro que se move agitadamente, revoltada com o frio que entra pelos frisos da janela, pelas correntes de metal pousadas sobre si, e a vida é assim. A cabeça acaba por cair pesada, e eu? eu continuo deitada, agora olho para os meus pés que permanecem imoveis. O meu corpo se é que tenho corpo afunda-se num amontado de almofadas, cores e sensaçoes. Sinto-me mal! Isto tudo ao som de Penny Lane - Beatles. E a loucura atravessa-me como se fosse transparente ou despromovida de qualquer segredo, convicção ou alegria. Alegria? é coisa que nao se apresenta. Continuo com o estomago ás voltas, os braços, as pernas, o corpo. Um sopro de vento bate contra a janela produzindo um som estridente. E tudo é assim complementado por um frio circundante e agora o mundo gira ao contrário dos ponteiros do relógio. Está tudo ao contrário e a vida também.