8 de março de 2011








- O que é que se passa contigo?
- Raiva, isto é tudo raiva.
- Raiva?
- Sim, raiva do mundo. Raiva de puderes ser de outro alguem.
- Que disparate é esse?
- Há dias assim...
- Ouve. Abraça-me. Sentes o quanto gosto de ti?
- Não.
- Faz um esforço.
- Nada, não sinto nada.
- Faz um esforço maior.
- Nada.
- Tudo bem, acredita na tua verdade.
- Hoje é um dia mau, sabes bem.
- Tem sido sempre "um dia mau" nestes ultimos anos.
- É uma vida má.
- O que é que fazes para controlar essa raiva?
- Mato.
- Matas? Como? O quê? Porquê?
- Mato. Mato da forma mais fria que consigo. Mato o que se mexe. Mato porque quero, porque me apetece, por causa desta raiva.
- Devias ter calma.
- Eu quero-te, já, sempre.
- Talvez um dia te mates e nem dês conta.
- Eu já morri uma vez.
- Sim, eu lembro-me...

Íris Tomazini