11 de agosto de 2011





Era de noite. Estava escuro. Eu, seguia em passos rápidos pela calcada molhada. Estava frio, e eu ainda estava longe de casa. Tinha saído daquela festa a meio. Havia muito fumo, álcool amais e riscos de droga em todas as mesas. Esse era o ambiente normal, mas desta vez tínhamos discutido.

- Sabes qual é o sétimo elemento? – perguntas-te num tom confiante de que sabia a resposta.
- Sétimo? São apenas quatro (água, fogo, terra e ar).
- Mundo quântico, diz-te alguma coisa?
- Não.
- Tenho vergonha de te ter ao meu lado.

Eu fiquei desolada, sai a correr, com as lágrimas nos olhos e o coração mais pesado que uma pedra. Eu só conseguia pensar em chegar a casa, sentar-me no chão e esperar por um novo dia. Andava de forma brusca e desajeitada. Ainda bem que não estavas ali, tu nunca gostas-te de me ver andar de qualquer maneira. Sempre disseste: “Deves adoptar uma postura firme, hirta e dura que ao mesmo tempo pareça delicada.” Eu não estava a fazer nada disso. Sentia-me um caco, e não queria saber do status que ocupavas, eu só queria esquecer a minha falta de inteligência quanto ao mundo quântico. Pensei em voltar para trás e pedir-te desculpa. Mas não podia, os saltos dos meus sapatos estavam enlameados, o meu cabelo despenteado e a maquilhagem quase que não existia já. Segui o meu caminho, sempre a pensar em ti. Um sujeito aproximou-se de mim, acompanhou os meus passos em silêncio e ao fim de muitas ruas perguntou: “Tens horas boneca?”, eu receava-o, mas ainda assim respondi-lhe “São 4:50h da manhã!”. Ele puxou-me por um braço, arrastou-me para trás da fileira de prédios, um sítio que até podia ser bonito se não fosse naquelas condições, tinha flores, bancos feitos em pedra, duas estátuas em cobre e um pequeno lago. Chorava compulsivamente, mas ele nunca pensou que eu pudesse gostar de alguém, que eu pudesse estar com a cabeça longe dali. Acho que isso também não lhe interessava muito. “Fica calada”- disse de forma atroz e cruel como se aquilo fosse um ritual de todas as noites. Cada beijo forçado aumentava a minha dor. Não queria que ninguém me tocasse, eu não queria. Aquele homem, que ainda hoje não sei o nome, continuou a despir-me, a beijar-me, a fazer do meu corpo a sua morada preferida. Eu já não contestava, não tinha força, já nem as lágrimas caiam, eu tinha simplesmente desistido da minha dignidade. Eram 6:15h e eu cheguei a casa. Subi e deitei-me na cama, sentia-me desabitada, suja, quase morta.

Eu pensei em ti todo o tempo, acredita.
Compreendo se não gostares mais de mim, de qualquer maneira eu odeio-me.

- O sétimo elemento do mundo quântico é a Gráviton, hoje eu sei.

                                                                                                                                    Eu fui violada
                                                                                                                                    e tive de ficar calada.


Íris Tomazini