20 de agosto de 2011



Estávamos a jantar, a sobremesa era o habitual semifrio de bolacha e frutos vermelhos. Olhaste-me com um ar docemente aflitivo e disseste rapidamente:

- Eu vou ter de ir embora, por algum tempo, mas hei-de voltar.
- Como?
- É isso que ouvis-te!
- Para onde é que vais?
- Amesterdão.
-  Holanda do Norte?
- Sim.
- Quando é que voltas?
- Não sei.
- Eu não posso ficar neste estado de incerteza duma conversa inacabada. 
- Hei-de voltar. Espero voltar.
- Não vás, não quero que vás, não!
- Eu fico no teu coração.
- Quero-te comigo, por favor, fica, por favor.
- Lembra-te de mim e eu estarei contigo.

Eu não consegui olhar mais para ele. Abracei-o e chorei. Chorei todas as lágrimas que possuía. Chorei enquanto soluçava: - Eu quero-te para sempre. Chorei naquela noite e em todas as outras, até hoje.



 - Volta rápido, estou a morrer por dentro.



Íris Tomazini