30 de outubro de 2011




Sentei-me em cima da máquina de lavar, acendi o primeiro cigarro do dia e entrei noutro mundo, respirei fundo e tudo o que aconteceu passou numa linha contínua à minha frente. O fumo que inalava levava-me para longe, cada vez mais longe – eu já estava para além da linha do horizonte. Estava numa sala de luz, ampla, muito ampla, mas eu nem tinha saído dali. Era isso que me aterrorizava muitas vezes, eu era levada para um espaço muito claro longe de tudo! Na verdade tudo isto são saudades. 

Recordo-me,
Houve um dia que caí no teu quintal, tropecei nos pés e caí como um passarinho morto em frente à porta grande. 
- Que aconteceu? (perguntaste)
- Nada, eu apenas caí.
- Como nada?
- Nada, estou relativamente bem.
- Sim, pelo que vejo estás bem. E as rosas brancas?
- As rosas brancas?
- Sim, partis-te as rosas brancas, as minhas rosas brancas!
(eu ainda nem tinha reparado) – Mas eu…
- Cala-te, tu só fazes disparates.
- São rosas, só rosas, voltam a crescer.
- Voltam a crescer? Tu quebras-te os seus pequenos caules, os futuros botões de rosa e as rosas que já ostentavam a sua beleza idílica.
- Porque te preocupas tanto?
- Porque eram as minhas rosas.
- Eu também era a tua menina e tu encheste a minha alma de noite, gelas-te o meu coração e transformaste-o em vidro. E como se não bastasse, deixaste-o cair ao chão! Nessa altura não te importas-te, porquê?
- Porque eu sabia que te ias erguer e resplandecer novamente.






Sempre que era levada para aquela sala de luz ampla,muito ampla,
faziam comigo coisas horriveis - OBRIGAVAM-ME A RECORDAR!